Comunicado de Imprensa:
21.05.2011 
‘Não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir!’
Activistas em vigília na Praça do Rossio apelam à participação da população.
Está marcada para hoje, na Praça do Rossio, pelas 22  horas a III Assembleia Popular decorrente da solidariedade internacional  que já conta com 548 concentrações espalhadas um pouco por todo o  mundo.
Desde quinta-feira que um grupo de cidadãos se vem  juntando em frente ao consulado espanhol, em protesto contra a qualidade  da democracia, as condições de vida, a precariedade, tendo em vista a  reinvenção da política.
Durante esta madrugada foram tomadas as seguintes decisões:
1- Aprovação do manifesto da Puerta del Sol (adaptado para a realidade portuguesa e que segue em anexo);
2- Convocação de vigília permanente;
3- Criação de grupos de trabalho: logística;  comunicação e informação; cultura; assessoria jurídica e de segurança;  acção directa; manifestações e manifesto.
Os grupos foram criados espontaneamente, reuniram de  madrugada e as suas propostas serão apresentadas, debatidas e decididas  na Assembleia Popular marcada para as 22 horas de hoje.
Os activistas em vigília aproveitam este comunicado para convidar  quem esteja de acordo com o manifesto a juntar-se no Rossio e  trazer apoios logísticos como: cobertores, água, cartão, almofadas,  esponjas, mesas, sacos de lixo, alguidares, vassouras, chapéus-de-sol,  cordas, lonas, lençóis, bens alimentares, material de primeiros-socorros  bem como materiais para o estaleiro criativo“MANIFESTO PLURAL
Os reunidos no Rossio, conscientes de que esta é uma acção em marcha e de resistência, acordaram manifestar o seguinte:
1.  Depois de muitos anos de apatia, um grupo de cidadãs e cidadãos de  diferentes idades e estratos sociais (estudantes, professores,  bibliotecários, desempregados, trabalhadores…), REVOLTADOS com a sua  falta de representação e com as traições levadas a cabo em nome da  democracia, reuniram-se, no Rossio, em torno da ideia de Democracia  Verdadeira.
2.  A Democracia Verdadeira opõe-se ao paulatino descrédito de instituições  que dizem representar os cidadãos, convertidas em meros agentes de  administração e gestão, ao serviço das forças do poder financeiro  internacional.
3.  A democracia promovida a partir dos corruptos aparatos burocráticos é,  simplesmente, um conjunto de práticas eleitorais inócuas, em que os  cidadãos têm uma participação nula.
4.  O descrédito da política trouxe consigo um sequestro das palavras, por  parte de quem detém o poder. Devemos recuperar as palavras e dar-lhes  significado, para que não se manipule com a linguagem e se deixe a  cidadania indefesa e incapaz de uma acção coesa.
5. Os exemplos de manipulação e sequestro da linguagem são numerosos e constituem uma ferramenta de controlo e desinformação.
6.  Democracia Verdadeira significa dar nome à infâmia em que vivemos:  Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu, NATO, União  Europeia, as agências de notação financeira (rating), como a Moody’s e a Standard and Poor’s, o PS, PSD, CDS; contudo, há muitos mais e a nossa obrigação é nomeá-los.
7.  É preciso construir um discurso político capaz de criar um novo tecido  social, sistematicamente fragilizado por anos de mentiras e corrupção.  Nós, cidadãos, perdemos o respeito pelos partidos políticos  maioritários, mas isso não significa perder o nosso sentido crítico.  Pelo contrário, não tememos a POLÍTICA. Tomar a palavra é POLÍTICA.  Procurar alternativas de participação cidadã é POLÍTICA.
8.  Uma das nossas premissas principais é devolver à Democracia o seu  verdadeiro sentido: um governo dos cidadãos. Uma democracia  participativa. E, para além disso, exigimos uma deontologia para os  políticos que assegure as boas práticas.
9.  Fazemos finca-pé em que os cidadãos aqui reunidos compomos um movimento  TRANSGERACIONAL, porque pertencemos a várias gerações condenadas a uma  perda intolerável de participação nas decisões políticas que condicionam  a sua vida diária e o seu futuro.
10. Não apelamos à abstenção. Exigimos que o nosso voto tenha uma influência real na nossa vida.
11.  Hoje não estamos aqui para reclamar simplesmente o acesso a subsídios  ou para protestar contra as insuficiências do mercado de trabalho. ESTE É  UM ACONTECIMENTO. E, como tal, um evento capaz de abrir novos sentidos  às nossas acções e discursos. Isto nasce da RAIVA. Mas a nossa RAIVA é  imaginação, força, poder cidadão.”
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